Profissional de saúde é um "bom samaritano"
António Marto considerou que o serviço dos profissionais de saúde "torna-se semelhante ao da parábola do 'Bom Samaritano'", onde o homem encontrou um ferido à beira da estrada e deixou tudo para cuidar dele.
"Na parábola, destaco três aspetos: apela à compaixão, desafia o empenho e termina com a alegria da comunhão", referiu, ao salientar que este é também o caminho do profissional de saúde, que tem uma missão "não apenas técnico-científica", mas também "humana e espiritual".
Para António Marto, o profissional de saúde nunca deve encarar o doente como "um simples caso clínico a examinar cientificamente", mas sim como "uma pessoa particularmente necessitada de simpatia e empatia".
Acrescenta que "não basta apenas perícia científica e profissional, mas também a participação pessoal nas situações concretas do paciente", com disponibilidade, atenção, compreensão, partilha, benevolência, paciência e diálogo".
Salientando a importância da humanização dos cuidados de saúde, o bispo de Leiria-Fátima frisou que "cuidar de uma pessoa doente não é cuidar de uma máquina avariada", o que implica "o respeito global que não pode ser reduzido ao mero objeto".
Marto disse ainda que a evolução do conhecimento científico e técnico "aumentou a possibilidade de curar quem está doente", mas alertou para a necessidade de "aumentar a capacidade de cuidar da pessoa que sofre e da sua integridade".
"Uma profissão, missão e vocação, como a dos profissionais de saúde, exige também uma sólida preparação e formação ética, sobretudo em matéria bioética. Na presença de casos clínicos, cada vez mas complexos, com as novas possibilidades biotecnológicas, todos os agentes de saúde não podem ser deixados sós com pesadas responsabilidades, por vezes insuportáveis, pelas consequências que têm no âmbito da vida de cada pessoa", aconselhou o bispo.
António Marto fez ainda questão de chamar atenção para o progresso e a possibilidade de transplantar órgãos, que permitem a cura de muitos doentes, até há pouco tempo considerados terminais.
Segundo o bispo de Leiria-Fátima, "trata-se de um desafio de amor ao próximo pelo meio da doação de órgãos para que o próximo possa continuar a viver".
Esta sua afirmação mereceu a intervenção do diretor do serviço de Cardiologia, João Morais, que enalteceu a posição da igreja por apoiar esta prática, lamentando que "nem sempre a igreja esteja do lado da ciência".